A Região Metropolitana do Recife (RMR) tem se destacado cada vez mais em relação ao resto do Brasil quando se fala em produções artísticas: literatura, música, cinema, artes plásticas, teatro, dança e diversas manifestações culturais ligadas aos costumes locais onde se revela, sobretudo, uma resistência cultural. A afirmação parece pretensiosa, mas nós nos arrogamos o direito de afirmá-la baseando-se nas seguintes questões: apesar da total falta de apoio e incentivo, os grupos se organizam para criar espaços e para mostrar aquilo que produzem; as pessoas se envolvem com aquilo que é produzido; e estes espaços tem sido pontos de cultura mais importantes que os de iniciativa do poder público local.
Paulista é um grande exemplo da resistência cultural. Desde 1999, são organizados festivais e eventos cujo foco é a música, a poesia, a dança e outras manifestações artísticas. A contribuição mais importante dessas atividades é justamente reunir pessoas, do próprio município e de outros lugares, que trabalham com as mais diversas expressões artísticas. O diferencial está no fato de que nos bairros de Arthur Lundgren, Paratibe, Jardins Paulista, Mirueira, Vila Torres Galvão, Maranguape I e II, Janga, Pau Amarelo e Maria Farinha há pessoas ou grupos de pessoas que se organizam em torno de alguma linguagem artística e a representam.
Dentre estes bairros todos, Paratibe e Arthur Lundgren se destacam por aglutinar gente de todos os outros bairros e de outros municípios e por ter grupos atuantes há 12 anos. Tudo começou com o festival de música A INVASÃO que teve início em 1999 e parou de acontecer em 2004, teve 12 edições. Quando A INVASÃO parou, já tínhamos outro evento acontecendo no terminal de Arthur Lundgren I: O CLUBE DA MÚSICA E POESIA. Este começou em 2003 e terminou em 2006, acontecia religiosamente toda quinta-feira à noite. Foi o momento áureo da vida cultural em Paulista. Na época Recebiamos gente de toda RMR e reuníamos muita gente toda quinta-feira. Após acabar, procuramos logo outro lugar que pudesse satisfazer a nossa ânsia de um espaço nosso e o resultado foi O COZINHA SONORA também com música, poesia e xadrez. Agora em Paulista, temos um grupo que a partir desse legado vem também dando bons frutos e tem sido um eixo da cultura no município: O ESCAMBO COLETIVO.
Este grupo está só no começo, tem feito muita coisa e reunido em Paratibe bandas de vários lugares. O que nesses últimos 12 anos vimos fazendo é criar o nosso próprio espaço, com direito a saber que ao final dos Shows já estamos em casa (no nosso próprio bairro). Enfim, temos a certeza de que Paratibe, Arthur Lundgren, Jardim Paulista e os outros bairros de Paulista nunca deixarão de criar os seus espaços. Sempre teremos aqui um lugar onde poderemos encontrar música, poesia, boa conversa e fraternidade. Se você precisa encontrar um lugar legal para dançar que tenha um som legal, que tenha gente legal, Paulista é e sempre será um desses lugares, sobretudo se depender de camaradas como os que agora fazem O ESCAMBO COLETIVO. Os trabalhos que tem sido feitos aqui se comparam aos realizados no Alto José do Pinho em Recife. Graça aos trabalhos que vem sendo feitos todos estes anos Paulista se tornou um lugar do caralho.
Do mesmo modo que Recife é referência para o resto do país, os trabalhos desenvolvidos em Paulista também são uma referência no estado de Pernambuco. Tudo está apenas no início e o próprio tempo será nosso aliado nessa luta para metamorfosear a vida em Música e Poesia. Vida longa às mulheres e aos homens de boa fé. A missão é dura mas estamos a caminhos. Avante Paulista!
Thiago Alex
Pessoal, sou novo por aqui, conheço pouco o blog, sou aqui do Rio, radicado no subúrbio, creio que aqui é um espaço de criação e isso é bom pra "caralho". O ritmo é esse, ou não é? To aqui e anuncio meu blog tambem, quero compartilhar pensamento, isso meu povo daí do nordeste, "pensamento". Quem tiver disposto vem, quem não tiver, vem também, pode ser que lá acabem por ficar.
ResponderExcluirLegal... Lembro do Clube Da Musica & Poesia. Na época eu estava a procura de algo novo... Que driblasse meu tédio urbano... Que me desviasse um pouco de minha rotina tão sem graça. E fui bater nesse Clube! Era um manifesto organizado, com artistas jovens e com fome de criação. Garotos poetas e compositores de todos os arredores da região metropolitana. Tinha um som, ligado a um violão, no maior estilo "do it you self"... E uma mesa de som velha, ligada na extensão do poste mais próximo... E cada semana era um DJ "underground" diferente pra colocar o som! Ou banda ou qualquer um que quisesse chegar e mostrar a sua arte! Muito legal! Eu via a vida ali! Criatividade periférica! Dali poderia sair artistas pop que poderiam ganhar o mundo! Eu batia ideias com os garotos... Aliás, eu também era um desses garotos... Só que mais velho, já com meus vinte e poucos... Mas eu ficava ali, quieto, observando, sacando as gatinhas "bicho grilo"... Os carinhas mergulhando no vinho... Eu tinha uma cara de burguês... Mas me entrosava, porque eu sacava muito de música pop. Ganhei respeito! Aí me convidaram pra ser DJ, numa dessas quinta-feiras. Eu fui. Munido com um repertório bem eclético, exótico e desconhecido. Eram bandas de fato desconhecidas do público, que eu garimpava. Eu sempre gostei do inacessível. Os caras prestavam atenção no som e vinham curiosos me perguntar, elogiar, questionar... Pedir bis! E creio que foi uma das únicas vezes em minha vida, que me senti uma estrela pop de verdade! É isso aí, saudades desse clube! E mando um sincero abraço aos seus lideres, que não me lembro o nome! E nem por onde andam! E que devem estar coroas... Mas que essas lembranças legais, não fiquem perdidas nas noites do tempo! Abraçaço!
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