A
Praça da Liberdade fica no bairro de Paratibe, cidade do Paulista, na Região Metropolitana
do Recife. No local, não se pretende construir um empreendimento imobiliário de
“alto padrão”, tal qual o Novo Recife no
Cais José Estelita; muito menos o espaço teve sua área subtraída pelo Poder
público municipal, em favor da lógica bizarra dos automóveis, tal qual ocorreu
com a Praça Lula Cabral de Melo – a Praça do Parnamirim, na zona norte do
Recife.
O
que vem ocorrendo na Praça da Liberdade é bastante comum aos muitos espaços
públicos de lazer e convivência social localizados nas regiões periféricas
metropolitanas: ausência do Estado e a não apropriação do espaço por parte da
comunidade do seu entorno.
Parece
corriqueiro nos depararmos com equipamentos públicos completamente
desassistidos por ações de preservação que, a princípio, devem ser executadas pela
municipalidade. Também pode parecer bastante natural quando as pessoas que
utilizam um espaço público de lazer não se sentem responsáveis em mantê-lo
adequado as suas necessidades. Mas nada disso é natural.
De
fato, a Praça da Liberdade se mantém viva porque é tomada pelas pessoas
diariamente. São elas que, na praça, conversam, passeiam, brincam, descansam,
jogam dominó, assistem à televisão, fazem feira (já que a praça fica ao lodo do
mercado público de Paratibe) ou simplesmente a utilizam como um caminho para
algo.
As
pessoas realmente utilizam a praça, da forma como a praça se apresenta, sem se
oporem efetivamente ao seu desgaste e a ausência de práticas transformadoras que
podem e devem ser realizadas no local. Quem utiliza a Praça da Liberdade não se
sente parte da praça, não a enxerga como algo que pertence a todos. Infelizmente,
isto é um fato comum a muitos outros espaços de lazer de outras localidades. Freqüentemente
um espaço como este é visto como pertencente a ninguém, ou em muitos casos, como
se pertencesse a uma minoria que determina as regras de convivência do local.
Temos
direito à cidade, em todo a sua plenitude. Queremos uma cidade que ofereça as condições
máximas de vivência, e neste contexto, defendemos a apropriação dos espaços
públicos de lazer pelas comunidades, como forma destas construírem seus próprios
espaços de acordo com suas respectivas demandas, com autonomia e formação.
O objetivo do OcupeLIBERDADE é justamente
apresentar a Praça da Liberdade a seus donos de direito: a comunidade. A
apropriação não tem a ver com propriedade, mas com o uso, e precisa acontecer
coletivamente como condição de possibilidade à apropriação individual. A
cidadania se confirma apenas com o controle direto das pessoas sobre a forma de
habitar a cidade, produzida como obra humana coletiva em que cada indivíduo e
comunidade tem espaço para manifestar sua diferença.
Portanto
Ocupe! Aproprie-se. Manifeste sua diferença, produza, faça parte de uma obra
coletiva. O espaço mais adequado para tudo isto, é o espaço público que é onde
vivemos e nos reconhecemos na cidade. OcupeLIBERDADE.
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